Tragédia de Itaocara completa 54 anos

Explosão de depósito de dinamites destruiu casas, a cadeia pública e abalou a Igreja Matriz, que precisou ser reconstruída
Machete no jornal A Noite relata centenas de feridos no centro de Itaocara (Foto: Arquivo)
    Talvez muitos itaocarenses ainda não saibam que o Centro da cidade foi palco de uma grande tragédia na década de 1960, deixando vários mortos e feridos. Construções históricas foram destruídas e vidas foram dilaceradas na tarde do dia 03 de março de 1964, há exatos 54 anos.

   Os jornais da época, de circulação nacional, davam ênfase a tragédia. A explosão do depósito de dinamites da construtora Cristo Redentor S/A ainda deixa dúvidas tantas décadas depois. Os números de vítimas se divergiam devido a comunicação precária na época, afinal, a cidade ficou sem telefone. O jornal carioca A Noite diz que foram 15 mortos e cerca de 150 feridos, sendo seis em estado grave, já o Correio da Manhã traz o balanço de nove mortos e dois desaparecidos em meio aos escombros.

   A explosão destruiu três casas e danificou outras 50, destruiu a cadeia pública e também parte da Igreja Matriz de São José de Leonissa. Os relatos dos moradores parecem um filme de terror que nenhum roteirista de Holywood teria pensado. 

   Era 13h. O sino da Igreja Matriz badalou pela última vez para vários funcionários e moradores que se vitimaram no centro da cidade. Corpos foram arremessados à distância. Fontes da época revelam que um dos mortos foi encontrado na Rua Nilo Peçanha (hoje o Calçadão do Centenário) após ter sido arremessado a mais de 100 metros. Notas de dinheiro (Cruzeiro) que estavam sendo envelopadas para o pagamento dos quase 50 funcionários da construtora foram encontradas a dois quilômetros do local da explosão. Há ainda relatos de que a explosão teria sido ouvida a quase 100 quilômetros de Itaocara e em cidades vizinhas imóveis também apresentaram rachaduras.

  A Construtora Cristo Redentor, responsável pelas obras da RJ-116, disse ao Correio da Manhã que a perícia não descartou a possibilidade da explosão ter sido criminosa, onde "alguém teria tentado um incêndio para aproveitando-se da confusão, roubar Cr$ 1,4 milhão referente ao pagamento que se realizava na ocasião do acontecimento". Outra fonte relata que a explosão teria ocorrido quando um dos funcionários acendia um fogão para esquentar comida. No casarão onde a construtora se instalou, havia dez botijões de gás oxigênio e vinte e cinco caixas de dinamite. Também há outras versões, como a de que um funcionário teria acendido um cigarro no recinto onde as dinamites eram armazenadas, provocando toda catástrofe.

   A história longa, que embora ainda não tenha tido desfecho, caiu no esquecimento das novas gerações. Das vítimas fatais, ficaram as recordações e o sentimento de revolta dos familiares pela Justiça que nunca foi feita. A companhia não existe mais e no local não se vê mais vestígios da tragédia.

    Abaixo o desabafo de Jaqueline Aguiar Lopes, neta de uma das vítimas da Tragédia da Cristo Redentor:
(Foto: Arquivo/ Jaqueline Aguiar Lopes)
(Foto: Arquivo/ Jaqueline Aguiar Lopes)

Comentários

  1. Nesta época eu morava em Batatal e meus pais comentavam foi pavorante!

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  2. EU morava em Ipituna na época eu tinha 9 anos dava para escutar as Esplosões foi muito triste.

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