Erro ficou gravado até no hino: "filhos fortes da grande nação Tupi". Os quatro grupos existentes falavam línguas do tronco Macro-Jê
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| Representação dos indígenas Aimorés, Puris, Coroados e Koropós, por Henrique Resende, na Matriz de São José de Leonissa | 
Provavelmente, ela se baseou na origem do nome da cidade e do município: Itaocara, que vem do tupi e significa Aldeia da Pedra. Antes de 1890, o nome da localidade era, de fato, Aldeia da Pedra. A mudança de nome foi sugerida pelo Dr. Francisco Antunes Ferreira da Luz, conforme registros de Alaor Scisinio. Essa alteração de nomes era uma tendência que ocorria por todo o Brasil, como em Aperibé (de Pito Aceso), Miracema (de Santo Antônio dos Brotos) e Jaguarembé (de Valão da Onça).
Naquela época, quase não restavam mais indígenas: muitos foram expulsos, mortos pela varíola (um verdadeiro genocídio, pois a doença foi usada como arma biológica pelos colonos, que distribuíam vestes contaminadas) ou substituídos pelos negros trazidos da África para o trabalho escravo nas décadas anteriores. Além disso, os grupos indígenas frequentemente entravam em confronto entre si, e, por isso, Frei Tomás buscava promover o aldeamento dos puris.
Vistos pelos colonos portugueses como preguiçosos, indomáveis, selvagens e com muitos outros adjetivos pejorativos, os indígenas tiveram suas identidades culturais esquecidas ou substituídas. Excluídos da Aldeia da Pedra, acabaram desaparecendo. Pouco se sabe sobre o que falavam.
Diferente da grande maioria dos povos que habitavam o litoral brasileiro e falavam tupi ou guarani — como os tamoios, tuniquins e tupinambás —, os grupos que habitavam o interior, incluindo o território de Itaocara, falavam outras línguas que acabaram extintas. Os puris, coroados e koropós falavam línguas derivadas do puri. Já os indígenas chamados de genericamente botocudos eram, na verdade, os aimorés. Os aimorés falavam uma língua diferente das outras etnias, isolada no tronco linguístico Macro-Jê.
Essa observação de que os indígenas da Aldeia da Pedra não falavam tupi já havia sido feita pelo Walter Gualberto Martins em um dos episódios do Engrenagens do Tempo.
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